
Estado começou o ano com o maior quantidade de registros para o mês de janeiro na série histórica, mas, a partir do início das chuvas em vários municípios, índice reduziu drasticamente. Período endêmico dos focos costuma ser durante o verão amazônico, após a incidência de chuvas. Queimadas no Acre cresceram 32% em relação a 2023
Neto Lucena/Secom
Em meio ao inverno intenso, o número de queimadas reduziu quase 100% nos primeiros quatro meses de 2025 no Acre, segundo o painel de queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
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Por meio da plataforma, é possível verificar que foram 8.551 focos detectados pelos satélites do órgão no segundo semestre do ano passado. Já no primeiro quadrimestre deste ano, que coincide com a época de chuvas em todo o estado, conhecida como inverno amazônico, foram apenas 43 queimadas. A redução é de 99,5%.
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O ano começou com a maior quantidade de registros para o mês de janeiro na série histórica no Acre, com 43 focos de calor detectados. Até então, no monitoramento que começou em 1998, o maior número detectado havia sido de 24 queimadas em 2022.
A partir de fevereiro, quando começaram as chuvas intensas em vários pontos do estado, o número começou a cair. Ainda nos quatro primeiros meses do ano, pelo menos 10 municípios do Acre ficaram em situação de emergência por conta da elevação de rios e igarapés.
Na capital, pelo menos 169 famílias chegaram a ficar em abrigos da prefeitura.
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Historicamente, o período endêmico dos focos de calor costuma ser durante o verão amazônico, nos meses após a incidência de chuvas, já que costumam ser provocadas para a limpeza de terrenos e pastagens, além da incineração de lixo.
Ainda pelo painel do Inpe, é possível perceber que, a partir de maio, os números começam a subir gradualmente.
Os piores períodos costumam ser no segundo semestre. O índice alcançado nos últimos seis meses de 2024 equivale a 99% do acumulado no ano, que foi de 8.658 queimadas, maior número desde 2022, com aumento de 32% na comparação com 2023.
Cinco cidade entre as mais poluídas
Com o município de Sena Madureira em segundo lugar, pelo menos cinco cidades acreanas apareceram no ranking das 10 mais poluídas do país em 2024, de acordo com um levantamento da plataforma IQ Air, que mede a qualidade do ar em vários pontos do planeta e disponibiliza os índices online.
🔎 O monitoramento utiliza o Índice de Qualidade do Ar (AQI, na sigla em inglês), métrica usada internacionalmente no acompanhamento da poluição do ar no mundo todo. O AQI consiste nos microgramas de partículas por metro cúbico (µg/m³).
Confira o ranking:
Porto Velho (RO) – 29,5 µg/m³
Sena Madureira (AC) – 27.3 µg/m³
Rio Branco (AC) – 23.6 µg/m³
Osasco (SP) – 22,1 µg/m³
Rio Claro (SP) – 20,8 µg/m³
Ribeirão Preto (SP) – 19,9 µg/m³
Carapicuiba (SP) – 19,4 µg/m³
Xapuri (AC) – 19,1 µg/m³
Manoel Urbano (AC) – 18,7 µg/m³
Santa Rosa do Purus (AC) – 18,7 µg/m³
Um dos principais fatores que contribuíram para a poluição do ar de cidades acreanas foram as queimadas. O ano de 2024 fechou com 32% de aumento na comparação com 2023.
Durante o verão, período em que o estado também enfrentou a seca de rios e igarapés devido à falta de chuvas, os números de incêndios urbanos e rurais foram alarmantes, e fizeram com que a qualidade do ar fosse prejudicada.
Rio Branco chegou a ter a pior qualidade entre as capitais e as aulas chegaram a ser interrompidas em municípios do estado por conta do avanço da fumaça.
O geógrafo da organização não-governamental (ONG) SOS Amazônia, Hugo Monteiro, destaca que o cenário das queimadas foi preocupante em todo o país. Ainda segundo Monteiro, as cidades do Norte ocuparam a maior parte das posições do ranking de cidades mais poluídas graças aos altos índices de queimadas registrados na região.
“A região que mais registrou focos de queimada, de acordo com o INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais)- e o bioma amazônico foi o mais atingido – registrou mais de 140 mil focos de queimada. E aí, mesmo com a queda do desmatamento, a gente sabe que teve uma queda no desmatamento. Mas o número de desmatamento ainda é muito grande, e a gente sabe que essa queda não tem muito o que comemorar, porque mesmo que não haja desmatamento, se há queimada, não tem como a árvore se recuperar após o fogo”, afirma.
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TV Globo/Reprodução
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