

Trump vs. Harvard: entenda o conflito entre o presidente dos EUA e a universidade de elite – Foto: Banco de Imagens/ND; Wikimedia Commons/ND
Em março de 2025, o governo Trump anunciou uma revisão abrangente dos contratos e subsídios federais concedidos à Universidade de Harvard.
A medida fazia parte de uma iniciativa do presidente para combater o que ele classificava como falhas das instituições de ensino em enfrentar o antissemitismo em seus campi. A revisão foi conduzida por três agências federais dos Estados Unidos, listadas a seguir:
- O Departamento de Educação;
- ODepartamento de Saúde e Serviços Humanos;
- A Administração de Serviços Gerais.
Como parte do processo, a administração de Donald enviou a Harvard uma lista de exigências que incluíam mudanças nos critérios de contratação, nos processos de admissão e no conteúdo acadêmico da universidade — medidas que foram criticadas por professores e alunos da instituição.
O governo dos EUA, segundo a BBC Brasil, também acusou a Universidade de não proteger adequadamente os estudantes judeus durante os protestos contra a guerra em Gaza e o apoio dos EUA a Israel, ocorridos nos campi universitários em abril do ano passado.

Em abril de 2024, estudantes organizaram manifestações contra a guerra em Gaza em frente a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos – Foto: @taliaotg/X/Reprodução/ND
A Casa Branca associou esses protestos a comportamentos antissemitas. Desde que foi reeleito, Donald tem adotado medidas para remodelar universidades de elite nos Estados Unidos, ameaçando reter verbas federais — especialmente aquelas destinadas à pesquisa, informa a BBC Brasil.
Elas vêm sendo vistas como uma forma de pressionar por mudanças institucionais. Além de Harvard, outras universidades americanas também tiveram verbas congeladas por não se alinharem às exigências do governo, que alega buscar um reequilíbrio ideológico nas instituições acadêmicas.
Como retaliação por não cumprir a lista de exigências, o governo Trump anunciou o congelamento de US$ 2,2 bilhões em verbas destinadas à Universidade de Harvard para bolsas acadêmicas, além de US$ 60 milhões em contratos. Em resposta, a instituição afirmou que:
“Nenhum governo, independentemente do partido no poder, deve ditar o que as universidades privadas podem ensinar, quem podem admitir e contratar, e quais áreas de estudo e pesquisa podem seguir”. A instituição também defendeu sua autonomia acadêmica.
Para tanto, ela mencionou a Primeira Emenda da Constituição dos EUA, que protege a liberdade de expressão.

A instituição acusa Casa Branca de ameaçar autonomia universitária e liberdade de expressão – Foto: Stephanie Mitchell/Harvard Staff Photographer/Divulgação/ND
Trump pede fim de isenção fiscal para Harvard
Em abril deste ano, o governo dos EUA solicitou que o IRS (Internal Revenue Service), órgão norte-americano semelhante à Receita Federal, revogasse a isenção fiscal de Harvard. A medida teria relação com o não cumprimento de normas exigidas para manutenção do benefício fiscal.
Vale lembrar que tal isenção fiscal é a mesma empregada em instituições de caridade, religiosas e demais organizações educacionais.
Para tanto, elas devem cumprir normas e leis tributárias, além de não poderem se envolver em atividades de cunho político. A solicitação do presidente veio logo após a recusa da instituição de ensino em seguir as medidas solicitadas pelo governo Trump.
Até o momento, não há provas ou evidências completas de que a Universidade tenha violado a legislação.
Fim do intercâmbio em Harvard?
Ainda nesta última quinta-feira (22), o governo Trump anunciou a revogação da certificação do Programa de Estudantes e Visitantes de Intercâmbio da Universidade de Harvard, o que impediria a instituição de matricular novos alunos estrangeiros.
Segundo comunicado oficial do governo norte-americano, a medida foi determinada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, baseada em acusações de que a universidade teria promovido um ambiente “pró-terrorista”, “antiamericano” e “antissemita” em seu campus.

A renomada Universidade de Harvard, nos Estados Unidos – Foto: Harvard University/Reprodução/ND
“A liderança de Harvard criou um ambiente inseguro ao permitir que agitadores pró-terrorismo assediassem e agredissem fisicamente indivíduos, incluindo muitos estudantes judeus”, afirma a nota. Um juiz federal, contudo, bloqueou temporariamente a tentativa.
A decisão do governo, por sua vez, ocorreu após a recusa da universidade em fornecer informações requisitadas pelo Departamento de Segurança Interna, que visa ter acesso a documentos que dizem respeito a conduta de estudantes estrangeiros da instituição.
A decisão judicial concedeu à universidade uma ordem de restrição temporária, permitindo que ela continue matriculando alunos internacionais enquanto o caso é analisado. A medida não encerra a disputa judicial, mas oferece um alívio momentâneo à universidade.
Ainda nesta sexta-feira (23), a universidade entrou com uma ação judicial contra o governo estadounidense contestando a decisão.
Trump exige transparência sobre uso de verba pública
O presidente dos Estados Unidos criticou neste domingo (25) a Universidade Harvard em seu perfil na Truth Social, apontando que “quase 31% dos seus estudantes são de países estrangeiros” e questionando a ausência de contribuições financeiras por parte dessas nações.

A Truth Social é uma plataforma de mídia pertencente ao Trump Media & Technology Group, empresa de mídia e tecnologia controlada majoritariamente por Donald Trump – Foto: @realdonaldtrump/Reprodução/ND
“Esses países, alguns nada amigáveis aos Estados Unidos, não pagam NADA pela educação desses estudantes – e nem têm essa intenção”, escreveu Trump na postagem. Ele também acusou a instituição de falta de transparência sobre tais alunos, mencionada anteriormente.
“Queremos saber quem são esses estudantes estrangeiros, o que é um pedido razoável já que damos BILHÕES DE DÓLARES para Harvard” disse.
O republicano defendeu que a universidade utilize seu fundo patrimonial, avaliado em cerca de US$ 52 bilhões, em vez de continuar solicitando recursos federais. “Parem de pedir que o governo federal continue concedendo verba”, concluiu. As informações são do Estadão Conteúdo.