
O deputado federal Kim Kataguiri (União Brasil-SP) apresentou nesta segunda-feira (19) um requerimento de convocação para que o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, compareça à Câmara dos Deputados.
O objetivo é esclarecer o uso irregular de uma viatura da Polícia Federal para escoltar o ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio Ribeiro de Oliveira Filho, no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo.
O episódio ocorreu em 28 de novembro do ano passado. Segundo a Polícia Federal, Virgílio e o empresário Danilo Trento, investigado pela CPI da Covid, foram acompanhados pelo agente Philipe Roters Coutinho em uma viatura da corporação até uma área restrita do terminal aéreo.
O uso do veículo é considerado indevido, pois se destinava exclusivamente a ações oficiais da PF. Coutinho, que está afastado, justificou a ação como uma “carona” a Trento e negou conhecer Virgílio.
“Não estamos falando de um deslize qualquer, mas de um policial federal afastado escoltando um ex-servidor investigado por corrupção”, afirmou Kataguiri em entrevista exclusiva ao Portal iG.
Ele cobra explicações sobre a autorização para o transporte.
“Além de imoral, o episódio levanta uma série de questionamentos: quem autorizou essa escolta? Com base em que critérios?”
A escolta ocorreu enquanto Virgílio é investigado por facilitar descontos indevidos na folha de pagamento de aposentados e pensionistas.
As investigações da Operação Sem Desconto indicam prejuízo de R$ 6,3 bilhões ao INSS entre 2019 e 2024.
A esposa de Virgílio, Thaisa Hoffmann Jonasson, teria recebido R$ 7,5 milhões de uma empresa ligada ao lobista Antônio Carlos Antunes, apontado como operador do esquema.
Imagens de segurança mostram o momento em que Virgílio e Trento desembarcam em Congonhas e são recebidos pelo agente da PF.
De lá, seguiram até um jatinho particular com destino a Curitiba. A Polícia Federal afirma que a passagem do trecho Brasília-São Paulo foi paga por Trento, o que ele nega. Virgílio não comentou o caso.
Kataguiri disse esperar que o ministro apresente as medidas adotadas pela pasta.
“O ministro da Justiça precisa deixar claro quais medidas serão tomadas para punir os responsáveis e evitar que o Estado seja usado para proteger aliados suspeitos. Se não houver uma resposta firme, a mensagem que fica é de conivência com a impunidade”, afirmou.
O requerimento está pronto para ser analisado pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara.