
Em entrevista ao g1, governador de Roraima, Antonio Denarium (PP) disse que nomeações no alto escalão são “técnicas” e defendeu aliados investigados. Antonio Denarium (PP) durante entrevista exclusiva ao g1 nesta sexta-feira (16)
Caíque Rodrigues/g1 RR
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), afirmou que as mudanças nas secretarias e no comando de órgãos estaduais fazem parte de uma “renovação administrativa natural” e negou que as trocas tenham sido motivadas por críticas de deputados estaduais na Assembleia Legislativa de Roraima (Ale-RR). A declaração foi dada em entrevista exclusiva ao g1, após a publicação de nove exonerações no Diário Oficial do Estado (DOE).
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Denarium saiu em defesa de aliados alvos de investigações, rebateu críticas feitas por deputado estaduais e reforçou o discurso de que as nomeações seguem critérios técnicos.
“Quando há ataques excessivos, não podemos conviver com quem trabalha contra o estado. Esses ataques geram instabilidade política, dificultam a atração de novos investimentos”, disse o governador ao g1.
Na última terça-feira (13), deputados estaduais pediram a exoneração de Dilma Lindalva Pereira da Costa. Ela ex-presidente do Instituto de Terras e Colonização do Estado de Roraima (Iteraima) e foi nomeada pelo governador para um cargo de direção na Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh).
Dilma é investigada por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Casa por suspeita de integrar um esquema de grilagem de terras no estado. A cobrança foi feita durante sessão na Ale-RR. A exoneração foi cobrada pelo presidente Soldado Sampaio (Republicanos) e os deputados Jorge Everton (União) e Renato Silva (Podemos).
Nesta sexta, Denarium fez uma série de demissões no alto escalão do governo, entre elas exonerou o presidente do Departamento de Trânsito (Detran), Antônio Diego Parente Aragão; da Junta Comercial (Jucerr), Vicente Ricarte Bezerra Neto; e o secretário de Agricultura que estava há três dias no cargo, Kelton Oliveira Lopes.
Ao g1, Denarium defendeu a permanência de Dilma Costa na Femarh. Ele afirmou que o deputado Jorge Everton é que “lidera” no legislativo as críticas ao seu trabalho.
“Ela [Dilma] é altamente técnica, tem 43 anos de serviço federal, é concursada do Incra e tem experiência em regularização fundiária. A nomeação de cargos é competência do governador”.
“Sempre trabalhei respeitando a independência dos poderes. Infelizmente, uma minoria liderada pelo deputado Jorge Everton tenta desconstruir o trabalho do governo. Quem ataca o governo, ataca o desenvolvimento do estado e quer voltar ao passado de caos, desemprego e salários atrasados”, disse o governador.
Em nota enviada ao g1, o deputado Jorge Everton negou qualquer tentativa de acordo político com o governador Antonio Denarium. Ele criticou a nomeação de Dilma Costa, ex-presidente do Iteraima, investigada pela CPI da Grilagem, e classificou a escolha como “imoral e de cunho pessoal”.
Destacou ainda que “não cede a pressões ou conveniências e seguirá cobrando transparência do Executivo”. Para ele, “críticas são parte da democracia e não devem ser vistas como ataques, mas como coragem de expor irregularidades”.
👉 Dilma é alvo de uma investigação no Ministério Público de Contas de Roraima (MPC) por grilagem de terras públicas na Gleba Baliza e também na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Ale-RR, que investiga órgão. Ela foi exonerada do cargo de presidente em abril deste ano, a pedido dela.
Mudanças no governo
Além das alterações feitas nesta sexta, o governador também demitiu em fevereiro deste ano a advogada Cecília Lorenzon, que chefiava a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) de Roraima depois de ser acusada de cobrar propina de empresários e foi renomeada para a Secretaria de Governo Digital.
O coronel Miramilton Goiano de Souza, foi exonerado do cargo de comandante-geral da Polícia Militar de Roraima e nomeado secretário da Casa Militar do estado em abril deste ano. Ele é investigado pela Polícia Federal por suspeita de chefiar um esquema de venda de armas e munições por policiais.
Questionado sobre o motivo pelo qual mantém no alto escalão aliados investigados, Denarium citou Lorezon como “amplamente capacitada”, disse que não permitirá irregularidades, mas destacou o direito à ampla defesa.
“Ela está sendo investigada, mas tem direito à ampla defesa. Enquanto não houver julgamento por ato irregular, ela não pode ser condenada”.
“É uma advogada capaz e teve um bom desempenho na Secretaria de Saúde. O Estado tem cerca de 30 mil servidores, e se houver falhas na ponta, às vezes escapam da supervisão do governador ou dos secretários. O fato é que não permitimos irregularidades”, disse.
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Antonio Denarium foi reeleito em 2022 para o segundo mandato com 163.167 dos votos, 56,47% do total de votos. Antes de tomar posse como governador em 2019, ele assumiu o comando do estado como interventor federal nomeado pelo então presidente Michel Temer (MDB).
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