

Debate sobre a não obrigatoriedade de vacinas justamente nesse contexto é inoportuno – Foto: PMF/Divulgação
Santa Catarina vive uma crise grave de saúde pública. O colapso das emergências hospitalares, provocado pelo aumento expressivo das doenças respiratórias, sobretudo entre as crianças, exigiria uma resposta coordenada, baseada na ciência, no reforço das redes de atendimento e na valorização da prevenção.
No entanto, o cenário se agrava não apenas pela escassez de recursos humanos e pela superlotação das unidades, como o Hospital Infantil Joana de Gusmão e o Regional de São José, mas também por decisões políticas que parecem ignorar a gravidade do momento.
A suspensão da emergência pediátrica do Hospital Universitário, da UFSC, desde setembro de 2024, por falta de pessoal, é um retrato da negligência com a saúde infantil. O deputado e médico Vicente Caropreso pediu a reabertura do serviço. É um pedido pertinente e urgente. Manter uma estrutura fechada em meio ao caos hospitalar é inadmissível. A crise exige ação imediata.
No entanto, paralelamente a esse esforço para ampliar o atendimento, ganha espaço uma iniciativa que representa um retrocesso perigoso: o pedido de audiência pública antivacina protocolado na Comissão de Direitos Humanos e Família da Assembleia Legislativa.
Ignorando deliberadamente a Comissão de Saúde, que seria o fórum adequado para esse debate, os deputados que propõem essa pauta colocam em risco ainda maior uma população já vulnerável.
A coincidência entre o avanço de doenças respiratórias e o baixo índice de vacinação — com menos de 30% da população imunizada contra a gripe — escancara os efeitos danosos da desinformação. Reabrir o debate sobre a não obrigatoriedade de vacinas justamente nesse contexto é inoportuno. Vacinas salvam vidas. Elas são uma das ferramentas mais eficazes para conter surtos, proteger as crianças e evitar o colapso do sistema de saúde.
Devolvido
O relator substituto, Rudson Marcos, do TRE-SC (Tribunal Regional Eleitoral de Santa Catarina), decidiu que a corte não tem competência para julgar a prefeita de Campo Erê, Rozane Bortoncello Moreira (PT), por suposta prática de boca de urna nas eleições de 2024.
A decisão segue entendimento do Supremo Tribunal Federal de que crimes eleitorais cometidos por candidatos, sem vínculo direto com o exercício do cargo, devem ser analisados pela Justiça Eleitoral de primeira instância. Com isso, o processo foi encaminhado à 69ª Zona Eleitoral de Campo Erê, onde o Ministério Público Eleitoral dará continuidade à apuração.
Eu freio
O vereador Vinicius Ramos (MDB), de São José, lançou a campanha “Eu Freio para Animais – Consciência e Respeito no Trânsito”, unindo a causa animal ao movimento Maio Amarelo. A iniciativa alerta para os milhares de atropelamentos de animais registrados diariamente no país e busca conscientizar motoristas e pedestres sobre a importância de um trânsito seguro também para os não humanos.
A ação prevê blitze educativas, distribuição de materiais e entrega gratuita de adesivos com a mensagem da campanha, disponíveis pelas redes sociais do parlamentar.
Sete Orelhas
A mostra com processos judiciais raros, lançada na segunda-feira (12) no Tribunal de Justiça de Santa Catarina, trouxe a público a impressionante trajetória de Januário Garcia Leal, conhecido como Sete Orelhas, personagem que jurou vingança pela morte do irmão e matou os sete responsáveis, retirando uma orelha de cada um.
Para o advogado Luciano de Lima, que pesquisa processos históricos no campo do direito, “o caso permite refletir sobre os limites da justiça privada, a formação da autoridade e a construção simbólica do castigo. É um exemplo de como o acervo do TJSC também guarda narrativas profundas sobre o modo como a sociedade lidou, ao longo do tempo, com a violência e o direito”, afirma. A exposição é aberta ao público.