Fim da Segunda Guerra: Brasil tem só 43 pracinhas sobreviventes

Força Expedicionária Brasileira no Cemitério Militar Brasileiro, com a presença do marechal Mascarenhas de MoraisReprodução Brasiliana Fotográfica

Dos 25 mil combatentes enviados pelo Brasil para a Segunda Guerra Mundial, como parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB)43 estão vivos, segundo estimativa da Casa da FEB, vinculada à Associação Nacional dos Veteranos da FEB. Em 2025, o fim do maior conflito da história completa 80 anos. 

Com idades superiores a 100 anos, os últimos pracinhas, como são conhecidos, sobreviventes representam um capítulo heroico e pouco conhecido da história nacional.

Onde moram os pracinhas vivos

Os números são uma estimativa, como explica ao Portal iG o coronel Said Zendim, diretor do Museu do Expedicionário, em Curitiba – um dos principais centros de preservação da memória da participação brasileira no conflito.

“Apesar dos esforços da Casa da FEB, é difícil manter essa informação atualizada”, afirma.

A partir de uma relação dos expedicionários vivos, enviada com exclusividade ao iG, é possível saber quem são e onde estão esses sobreviventes. A maioria vive em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.

  1. Geraldo Rodrigues de Oliveira – Ceará
  2. José Barbosa Sobrinho – Ceará
  3. Nestor da Silva – Distrito Federal
  4. Agostinho Ferreira da Silva – Espírito Santo
  5. José Etelvino dos Santos – Goiás
  6. Mário Marques de Macedo – Mato Grosso
  7. Justino Pires de Arruda – Mato Grosso do Sul
  8. José Tito Pimentel – Minas Gerais
  9. Nelson de Paula Reis – Minas Gerais
  10. Oswaldo Soares Ferreira – Minas Gerais
  11. João Rodrigues da Costa – Minas Gerais
  12. José de Oliveira – Minas Gerais
  13. Walter Ribeiro de Souza – Minas Gerais
  14. José Santana Baltazar – Pará
  15. José Cícero de Araújo – Paraíba
  16. Antônio Alves Gomes – Paraíba
  17. João Trela – Paraíba
  18. Joaquim Ignacio Goulart Mayer – Paraná
  19. Joaquim Patrício de Araújo – Pernambuco
  20. José Amaro da Silva – Pernambuco
  21. Severino Gomes de Souza – Pernambuco
  22. João Pinto da Matta – Rio de Janeiro
  23. Antenor Machado dos Santos – Rio de Janeiro
  24. Altair Pinto Alaluna – Rio de Janeiro
  25. Ademar de Azevedo Mancebo – Rio de Janeiro
  26. Orlando Mercanti – Rio de Janeiro
  27. Walfrid de Moraes – Rio de Janeiro
  28. Moysés Ferraz – Rio de Janeiro
  29. Mário Pereira – Rio de Janeiro
  30. Waldemiro de Oliveira Silva – Rio de Janeiro
  31. João Carlos de Lima – Rio Grande do Norte
  32. Elmo Diniz – Rio Grande do Sul
  33. Oudinot Willadino – Rio Grande do Sul
  34. João da Silva Augustinho – Rio Grande do Sul
  35. José Negri – Rio Grande do Sul
  36. Hugo Pedro Felisbino – Santa Catarina
  37. Oscar de Abreu Paiva – São Paulo
  38. Waldomiro Grotto – São Paulo
  39. Jovino Francisco Leal – São Paulo
  40. Cícero Germano dos Santos – São Paulo
  41. Benedito Sebastião do Amaral – São Paulo
  42. Florentino Zandonadi – São Paulo
  43. Jarbas Dias Ferreira – São Paulo

Com o número de veteranos diminuindo ano a ano, o desafio atual é garantir que a memória desses combatentes não desapareça.

Segundo o coronel, diversas organizações militares e instituições civis vêm atuando para preservar esse legado por meio de espaços culturais, exposições, palestras, publicações e cerimônias.

Um dos principais marcos dessa preservação é o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.

Fachada do Museu do ExpedicionárioDivulgação

Em Curitiba, o Museu do Expedicionário se destaca por reunir um acervo de 25 mil itens relacionados à participação do Brasil na guerra.

O local recebe cerca de 35 mil visitantes por ano, entre estudantes, turistas e estudiosos. “Tudo isso é feito para que a história desses homens e mulheres não se perca no tempo e para que as novas gerações conheçam esses verdadeiros heróis”, ressalta Zendim.

O Brasil na Segunda Guerra Mundial

Embora tenha contribuído com apenas uma divisão de infantaria, o Brasil foi o único país da América Latina a enviar tropas para combater na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.

Além disso, cedeu aos Aliados matérias-primas essenciais e permitiu a instalação da Base Aeronaval de Natal (RN), considerada a mais importante fora dos Estados Unidos na época.

A Força Expedicionária Brasileira atuou principalmente na região da Toscana, na Itália, onde participou de batalhas decisivas como as de Monte Castello, Montese e Fornovo di Taro.

Nesta última, as tropas brasileiras aceitaram a rendição de uma divisão nazista e parte de uma divisão italiana.

Brasil da Batalha de Monte CastelloAcervo Centro de Estudos e Pesquisas de História Militar do Exército (CEPHiMEx)

“Libertamos mais de 50 localidades italianas”, lembra o coronel. “Até hoje, a população da Toscana recorda com carinho os brasileiros, que dividiam comida com civis famintos”.

Em reconhecimento, cerca de 30 monumentos foram erguidos na Itália para homenagear os soldados brasileiros, e anualmente a cidade de Montese realiza cerimônias com a participação de crianças italianas que cantam a Canção do Expedicionário e erguem bandeiras do Brasil.

Mulheres na guerra

O papel das mulheres também foi expressivo. A FEB contou com 73 enfermeiras voluntárias, muitas delas professoras primárias, que prestaram assistência médica em hospitais de campanha aliados.

Elas não apenas trataram os combatentes brasileiros, mas também soldados de outras nacionalidades.

“O papel dessas mulheres foi bastante significativo, principalmente para aqueles brasileiros que chegavam doentes ou feridos naquelas instalações de saúde”, ressalta o coronel.

Apesar das homenagens prestadas anualmente pelas Forças Armadas e algumas instituições civis – como Correios e órgãos do Judiciário – ainda há muito a se avançar no reconhecimento social da FEB.

Um dos principais entraves é a ausência de conteúdo sobre a participação brasileira no conflito nas grades curriculares escolares.

Grupo de enfermeiras que serviu na cidade de Pistóia, na ItáliaDivulgação FEB

“Aqueles que conhecem a história da FEB procuram preservá-la, mas infelizmente as escolas dedicam poucas horas ao estudo da Segunda Guerra Mundial e menos ainda à participação do Brasil”, afirma Zendim. Isso contribui para o desconhecimento generalizado entre os jovens sobre o papel do país no maior conflito do século XX.

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