
Dos 25 mil combatentes enviados pelo Brasil para a Segunda Guerra Mundial, como parte da Força Expedicionária Brasileira (FEB), 43 estão vivos, segundo estimativa da Casa da FEB, vinculada à Associação Nacional dos Veteranos da FEB. Em 2025, o fim do maior conflito da história completa 80 anos.
Com idades superiores a 100 anos, os últimos pracinhas, como são conhecidos, sobreviventes representam um capítulo heroico e pouco conhecido da história nacional.
Onde moram os pracinhas vivos
Os números são uma estimativa, como explica ao Portal iG o coronel Said Zendim, diretor do Museu do Expedicionário, em Curitiba – um dos principais centros de preservação da memória da participação brasileira no conflito.
“Apesar dos esforços da Casa da FEB, é difícil manter essa informação atualizada”, afirma.
A partir de uma relação dos expedicionários vivos, enviada com exclusividade ao iG, é possível saber quem são e onde estão esses sobreviventes. A maioria vive em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
- Geraldo Rodrigues de Oliveira – Ceará
- José Barbosa Sobrinho – Ceará
- Nestor da Silva – Distrito Federal
- Agostinho Ferreira da Silva – Espírito Santo
- José Etelvino dos Santos – Goiás
- Mário Marques de Macedo – Mato Grosso
- Justino Pires de Arruda – Mato Grosso do Sul
- José Tito Pimentel – Minas Gerais
- Nelson de Paula Reis – Minas Gerais
- Oswaldo Soares Ferreira – Minas Gerais
- João Rodrigues da Costa – Minas Gerais
- José de Oliveira – Minas Gerais
- Walter Ribeiro de Souza – Minas Gerais
- José Santana Baltazar – Pará
- José Cícero de Araújo – Paraíba
- Antônio Alves Gomes – Paraíba
- João Trela – Paraíba
- Joaquim Ignacio Goulart Mayer – Paraná
- Joaquim Patrício de Araújo – Pernambuco
- José Amaro da Silva – Pernambuco
- Severino Gomes de Souza – Pernambuco
- João Pinto da Matta – Rio de Janeiro
- Antenor Machado dos Santos – Rio de Janeiro
- Altair Pinto Alaluna – Rio de Janeiro
- Ademar de Azevedo Mancebo – Rio de Janeiro
- Orlando Mercanti – Rio de Janeiro
- Walfrid de Moraes – Rio de Janeiro
- Moysés Ferraz – Rio de Janeiro
- Mário Pereira – Rio de Janeiro
- Waldemiro de Oliveira Silva – Rio de Janeiro
- João Carlos de Lima – Rio Grande do Norte
- Elmo Diniz – Rio Grande do Sul
- Oudinot Willadino – Rio Grande do Sul
- João da Silva Augustinho – Rio Grande do Sul
- José Negri – Rio Grande do Sul
- Hugo Pedro Felisbino – Santa Catarina
- Oscar de Abreu Paiva – São Paulo
- Waldomiro Grotto – São Paulo
- Jovino Francisco Leal – São Paulo
- Cícero Germano dos Santos – São Paulo
- Benedito Sebastião do Amaral – São Paulo
- Florentino Zandonadi – São Paulo
- Jarbas Dias Ferreira – São Paulo
Com o número de veteranos diminuindo ano a ano, o desafio atual é garantir que a memória desses combatentes não desapareça.
Segundo o coronel, diversas organizações militares e instituições civis vêm atuando para preservar esse legado por meio de espaços culturais, exposições, palestras, publicações e cerimônias.
Um dos principais marcos dessa preservação é o Monumento Nacional aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no Rio de Janeiro.

Em Curitiba, o Museu do Expedicionário se destaca por reunir um acervo de 25 mil itens relacionados à participação do Brasil na guerra.
O local recebe cerca de 35 mil visitantes por ano, entre estudantes, turistas e estudiosos. “Tudo isso é feito para que a história desses homens e mulheres não se perca no tempo e para que as novas gerações conheçam esses verdadeiros heróis”, ressalta Zendim.
O Brasil na Segunda Guerra Mundial
Embora tenha contribuído com apenas uma divisão de infantaria, o Brasil foi o único país da América Latina a enviar tropas para combater na Europa durante a Segunda Guerra Mundial.
Além disso, cedeu aos Aliados matérias-primas essenciais e permitiu a instalação da Base Aeronaval de Natal (RN), considerada a mais importante fora dos Estados Unidos na época.
A Força Expedicionária Brasileira atuou principalmente na região da Toscana, na Itália, onde participou de batalhas decisivas como as de Monte Castello, Montese e Fornovo di Taro.
Nesta última, as tropas brasileiras aceitaram a rendição de uma divisão nazista e parte de uma divisão italiana.

“Libertamos mais de 50 localidades italianas”, lembra o coronel. “Até hoje, a população da Toscana recorda com carinho os brasileiros, que dividiam comida com civis famintos”.
Em reconhecimento, cerca de 30 monumentos foram erguidos na Itália para homenagear os soldados brasileiros, e anualmente a cidade de Montese realiza cerimônias com a participação de crianças italianas que cantam a Canção do Expedicionário e erguem bandeiras do Brasil.
Mulheres na guerra
O papel das mulheres também foi expressivo. A FEB contou com 73 enfermeiras voluntárias, muitas delas professoras primárias, que prestaram assistência médica em hospitais de campanha aliados.
Elas não apenas trataram os combatentes brasileiros, mas também soldados de outras nacionalidades.
“O papel dessas mulheres foi bastante significativo, principalmente para aqueles brasileiros que chegavam doentes ou feridos naquelas instalações de saúde”, ressalta o coronel.
Apesar das homenagens prestadas anualmente pelas Forças Armadas e algumas instituições civis – como Correios e órgãos do Judiciário – ainda há muito a se avançar no reconhecimento social da FEB.
Um dos principais entraves é a ausência de conteúdo sobre a participação brasileira no conflito nas grades curriculares escolares.

“Aqueles que conhecem a história da FEB procuram preservá-la, mas infelizmente as escolas dedicam poucas horas ao estudo da Segunda Guerra Mundial e menos ainda à participação do Brasil”, afirma Zendim. Isso contribui para o desconhecimento generalizado entre os jovens sobre o papel do país no maior conflito do século XX.