Fachada da ala residencial do Palácio Piratini, no Centro Histórico de Porto Alegre, onde mora Eduardo Leite – Foto: Fernando Bueno
Ao assumir cargo no executivo, o governador empossado ganha o direito de residir no Palácio-sede de seu respectivo estado. Desde 2019, o Palácio Piratini é o local onde mora Eduardo Leite, governador reeleito pelo Estado do Rio Grande do Sul em 2022. Em entrevista para o programa SuperSábado em 2021, o governador revela que optou em morar no Piratini para facilitar o dia a dia do trabalho no Executivo.
Localizado no Centro Histórico de Porto Alegre, o palácio teve sua construção iniciada pelo governador Carlos Barbosa e pelo arquiteto francês Maurice Gras, em 1910, sendo concluído pelo governador Borges de Medeiros, em 1921, após uma paralisação nas obras devido à Primeira Guerra Mundial.
A partir dos anos 2000, o espaço onde mora Eduardo Leite ficou sem funcionar como um lar por quase duas décadas, tendo Olívio Dutra, governador do Rio Grande do Sul de 1999 a 2002, como último morador do espaço.
O local foi tombado duas vezes e é parte do patrimônio cultural gaúcho, completando seu centenário no ano de 2021.
Palácio onde mora Eduardo Leite é parte relevante da história e da arte no Rio Grande do Sul
Com oito pisos, o espaço tem sido restaurado desde 1988 e conta com espaços como o gabinete da área governamental, anexo residencial, jardim interno e salões nobres, como o de Verão, onde Eduardo Leite recebe a família, e o dos Banquetes, destinado a convidados de honra. O local também faz parte do imaginário de lendas e histórias de Porto Alegre, que contam que o palácio possui um sistema de fuga subterrâneo, com túneis que ligam todo o Centro Histórico da Capital.
Gabinete do Governador, onde mora Eduardo Leite, tem um espaço para encontros entre líderes e convidados de honra – Foto: Fernando Bueno
O Piratini passou a ser sede do governo gaúcho em 1921, com destaque para a ocupação de Getúlio Vargas na ala residencial em 1928. Obras e reformas, que eram constantes até a moradia de Vargas no Palácio, tiveram uma pausa de 15 anos, que durou de 1930 até 1945.
A década de 1950 tem grande relevância artística e histórica para o Piratini. Com a contratação do pintor italiano Aldo Locatelli, em 1951, uma série de obras adquiridas nos governos Borges de Medeiros foram substituídas – o italiano foi responsável pela pintura de 23 murais que ornamentam os salões do segundo pavimento do palácio, em um trabalho que durou até 1955.
Além da finalização das obras de Locatelli, o ano de 1955 também tem como destaque a mudança de nome do palácio: de “Palácio do Governo” para “Palácio Piratini”, homenageando a primeira capital da República Rio-Grandense durante o período da Revolução Farroupilha.
Pintura “Formação do Rio Grande do Sul”, de Aldo Locatelli, está no Palácio onde mora Eduardo Leite – Foto: Fernando Bueno
Aldo Locatelli, artista dos murais do Piratini, já trabalhou em Pelotas, cidade onde Eduardo Leite nasceu
O artista nasceu em Bérgamo, na Itália, mas viveu e morreu no Rio Grande do Sul, participando de obras além do Piratini. Antes do palácio, Locatelli colaborou na pintura dos murais da Igreja de São Francisco de Paula em Pelotas, cidade natal de Eduardo Leite. Já em 1949, o artista foi convidado a integrar o corpo docente da Escola de Belas Artes de Pelotas, deixando a cidade anos depois para realizar obras na igreja São Pelegrino, em Caxias do Sul, e no Piratini, em Porto Alegre.
As obras do artista no palácio passaram por dois processos de restauração: a primeira em 1988-1989, com autoria da artista plástica Leila Sudback; e a segunda em 2023, executada pela artista Maria Cristina Ferrony e sua equipe. Os salões nobres, local em que estão os murais de Locatelli, passaram por um processo de climatização em 2017, visando a conservação artística do espaço.
Piratini é parte relevante do patrimônio artístico e da história gaúcha
Além de Eduardo Leite, o Piratini já abrigou figuras e momentos que escreveram a história do Estado do Rio Grande do Sul: foi residência de Getúlio Vargas, em 1928, e abrigou a Rádio da Legalidade, em 1961, em que o político Leonel Brizola denunciava as ofensivas golpistas contra João “Jango” Goulart, presidente do país no período, nos porões do espaço.
Leonel Brizola falando na Cadeia da Legalidade, no porão do Palácio Piratini, local em que atualmente é onde mora Eduardo Leite – Foto: Fotografia Governo do Estado do Rio Grande do Sul/ND
O Palácio onde mora Eduardo Leite teve seu primeiro tombamento realizado pelo IPHAE (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado do Rio Grande do Sul) em 1986. Em 2000 o palácio recebeu seu segundo tombamento, passando a integrar o Sítio Histórico das Praças da Matriz e da Alfândega, integrado por órgãos culturais como o Theatro São Pedro, a Biblioteca Pública e o Memorial do Rio Grande do Sul.
Centenário do Palácio Piratini marca nova fase na cena cultural de Porto Alegre
Com o centenário do local em maio de 2021, diversas atividades foram realizadas no Palácio para celebrar o período. Entre elas, a criação de uma oficina de restauro, a inauguração do memorial de ex-governantes e a organização e catalogação do acervo.
Atualmente, o palácio onde mora Eduardo Leite está aberto para visitação ao público mediante agendamento, e oferece atividades formativas eventuais voltadas à conservação patrimonial. As obras de arte do espaço também podem ser visualizadas em alta qualidade na ferramenta Google Arts & Culture.
Visite o Palácio Piratini, local onde mora Eduardo Leite
- Praça Mal. Deodoro, s/nº, Centro Histórico, Porto Alegre – RS, 90010-905.