

Conclave começa nesta quarta-feira (7) – Foto: Reprodução/Vatican News/ND
Os 133 cardeais que estão reunidos em Roma começam nesta quarta-feira (7) a escolha do novo Papa.
Desde esta terça-feira (6), os participantes do conclave estão impedidos de ter contato com o mundo exterior enquanto decidem quem deve suceder o Papa Francisco, que morreu em 21 de abril.
O conclave começa a portas fechadas na Capela Sistina, com todos os cardeais com menos de 80 anos de idade podendo votar em quem deve ser o próximo líder da igreja, que congrega 1,4 bilhão de membros em todo o mundo.
São necessários 89 votos para definir o próximo Papa.
Novo Papa pode seguir a linha de Francisco ou voltar para uma igreja mais conservadora
A corrida para suceder Francisco é vista como muito aberta. Embora alguns nomes tenham sido citados como favoritos, vários dos 133 cardeais que deverão votar no conclave disseram que não sabem quem será o próximo Papa.
“Não tenho nenhum palpite”, disse o cardeal Robert McElroy durante uma visita a uma paróquia em Roma. O processo do conclave é “profundo e misterioso”, afirmou McElroy, o arcebispo de Washington.
Alguns cardeais estão procurando um novo Papa que dê continuidade à iniciativa de Francisco de criar uma igreja mais transparente e acolhedora, enquanto outros estão buscando um retorno às raízes mais tradicionais que valorizam a doutrina.

Apenas cardeais com menos de 80 anos podem participar da escolha do novo Papa, que começa nesta quarta-feira – Foto: Andrew Medichini/AP/ND
Conclave pode se estender por dias
Os conclaves podem se estender por vários dias, com várias votações realizadas antes que um candidato obtenha a maioria necessária de três quartos para se tornar Papa.
Durante o período do conclave, os cardeais votantes ficam em duas hospedarias do Vaticano e fazem um juramento de não entrar em contato com ninguém que não esteja participando da votação secreta.

Conclave pode durar dias na Capela Sistina – Foto: Wikimedia Commons/Divulgação/ND
Conclave diversificado
Francisco tinha como prioridade nomear cardeais de países que nunca os tiveram antes, como Haiti, Sudão do Sul e Mianmar.
Por isso, esse conclave será o mais diversificado geograficamente nos mais de 2.000 anos de história da igreja, com a participação de clérigos de 70 países.
O cardeal japonês Tarcisio Isao Kikuchi disse ao jornal La Repubblica que muitos dos 23 cardeais da Ásia que votarão no conclave planejam votar em bloco.
Ele contrastou a estratégia deles com a dos 53 cardeais da Europa, que são conhecidos por votar em termos de países individuais ou outras preferências pessoais.
“Nós, asiáticos, provavelmente somos mais unânimes em apoiar um ou dois candidatos. Veremos qual nome sairá como o principal candidato”, declarou Kikuchi.
Como é a votação
O primeiro escrutinador abre o voto, anota num papel o nome do escolhido e passa o voto para o segundo escrutinador, que repete o gesto e entrega a cédula ao terceiro. Este lê em voz alta o nome.
Encerrada esta etapa, o terceiro escrutinador fura e costura cada voto com agulha e linha. Os três somam os votos separadamente.
Em seguida, os cardeais revisores conferem se o número de votos dados a cada candidato corresponde às anotações feitas pelos escrutinadores. Se necessário, a votação pode ser repetida até sete vezes por períodos de três dias.
No caso de três dias sem resultados, suspendem-se os escrutínios durante o máximo de um dia. Nesta pausa, os cardeais eleitores podem orar e conversar entre si.
Todos os votos – unidos pela linha usada pelo escrutinador – são queimados ao fim de cada votação.
Junto com os papéis, são adicionados produtos químicos que mudam a cor da fumaça expelida pela chaminé da Capela Sistina.
Enquanto não se atingem os votos necessários para eleger o novo papa, a fumaça é preta.
Quando um cardeal é eleito, os votos são queimados, da mesma forma das votações anteriores, mas o produto químico adicionado deixa a fumaça branca – o que indica a quem está na praça de São Pedro que a escolha foi feita.
Ao vencedor é perguntado se ele aceita ser o novo papa. Se a resposta for positiva, ele também anuncia aos cardeais o nome pelo qual quer ser chamado.
Em seguida, ele veste o hábito papal e é apresentado na varanda central da Basílica de São Pedro com a famosa frase “Habemus papam!” (Temos um papa!)
Conclave
- O Conclave é formado atualmente por 133 cardeais. Este ano, há representantes de 70 países, divididos da seguinte forma: são 52 da Europa, 23 da Ásia, 17 da África, 17 da América do Sul (incluindo sete brasileiros, dos quais três são catarinenses), 16 da América do Norte, 4 da América Central e 4 da Oceania.
- A primeira reunião ocorre de 15 a 20 dias após a morte do papa. Para ser eleito, o cardeal precisa receber dois terços dos votos. Neste caso, o número necessário é de 89 votos.
- Realizado dentro da Capela Sistina, o Conclave é precedido de uma missa solene, da qual todos os cardeais participam. Todos eles juram manter sigilo sobre o que ocorre na votação, sob pena de excomunhão.
- Três cardeais são sorteados para serem os escrutinadores, isto é, os responsáveis pela contagem dos votos.
- No primeiro dia, ocorre apenas uma votação. Se o número necessário não for atingido, o Conclave é suspenso até o dia seguinte. A partir do segundo dia, os cardeais se reúnem de manhã e à tarde, com duas votações em cada uma destas sessões.
- Para votar, cada um dos eleitores recebe uma cédula onde está escrito, em latim, “Elejo como Sumo Pontífice”, e com um espaço para receber o nome escolhido.