
Pedro Henrique Moraes, de 29 anos, pensou que fosse um caco de vidro. Ele procurou atendimento em um hospital, onde foi constatado que, apesar de apresentar quatro perfurações no pé, não havia presença de espinhos. Médica receitou analgésicos e anti-inflamatórios para evitar infecções. Pedro Henrique Moraes veio de MG
Arquivo pessoal
Um fã mineiro de Lady Gaga passou por uma situação inusitada, no último sábado (3), após o show da cantora na Praia de Copacabana. Ao g1, o coordenador financeiro Pedro Henrique Moraes, de 29 anos, contou que acabou pisando em um peixe-baiacu, na arrebentação.
Segundo Pedro Henrique, o incidente com o “little monster”, como ele diz, aconteceu logo após a apresentação da artista, que levou 2,1 milhões de pessoas à praia. Ele estava descalço, dentro da água.
“A gente assistiu ao show entre o quarto e quinto telão em um grupo de amigos. E pouco depois da 1h30, o show já tinha terminado, estávamos aguardando a dispersão da multidão e resolvi entrar ali na beirada do mar. Nisso, quando eu estava voltando na faixa de areia, que tem a arrebentação das ondas, eu senti que eu havia pisado em alguma coisa que espetou o meu pé.”
“Eu pensei que fosse um caco de vidro e, quando olhei para o chão, não conseguir identificar o que era. Pegue a lanterna do meu celular e vi que era um peixe-baiacu. Chamei os meus primos, tiramos fotos, vi o meu pé, e veio um casal do RJ que disse que tinha uma toxina e tal”, contou o rapaz.
O peixe-baicacu que Pedro Henrique pisou foi devolvido ao mar
Arquivo pessoal
Pedro Henrique disse que saiu da areia, pegou água e lavou o pé.
“Como eu estava com alguns amigos que são dá área de saúde, eu tinha confiança neles. Em seguida, procurei um hospital, pelo aplicativo do plano, e fui andando até lá, já que ele fica em Copacabana, mesmo.”
“Lá, a médica me examinou, viu se os espinhos tinham entrado na carne ou só se foi só o impacto. Em seguida, ela receitou analgésicos e anti-inflamatórios para evitar infecções. Tomei soro, e os enfermeiros viram que as quatro perfurações não tinham espinhos. Fiz o curativo, e nesse domingo voltei para Belo Horizonte.”
“Falaram pra não ir de chinelo pro show da Gaga por conta de caco de vidro, mas ninguém disse nada sobre pisar num baiacu”, brincou.
“Felizmente, o show já tinha acabado quando aconteceu.”
Nesta segunda, Pedro Henrique contou a história nas redes sociais, e o incidente viralizou. Segundo o coordenador financeiro, o peixe foi devolvido ao mar.
O rapaz teve ferimentos no pé, recebeu atendimento médico e voltou para Belo Horizonte
Reprodução/TV Globo
De acordo com Marcelo Szpilman, biólogo marinho pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e diretor-presidente do Aquário Marinho do Rio (AquaRio), a espécie vive na orla do Rio.
A recomendação, ao pisar no animal, é procurar um médico para limpar a ferida e evitar uma infecção.
“Essa espécie vive na orla do Rio. Provavelmente, esse peixe já estava morto, endureceu, e o rapaz pisou. Geralmente, as pessoas pisam em bagres. Então, quando a pessoa pisa nesses animais, é preciso que elas procurem um atendimento médico porque aquele local pode infecionar, já que o espinho pode quebrar lá dentro e inflamar. É preciso limpar a ferida e ficar de olho para não ter algum outro problema — com uma infecção secundária”, afirmou.
🐡O baiacu
De acordo com o biólogo William Rodriguez, existem aproximadamente 200 diferentes espécies de baiacu no mundo.
O especialista explicou que são peixes solitários, ou seja, não nadam em cardume. Além disso, a principal característica do baiacu é a capacidade de inflar o corpo.
Espécie mais comum no litoral paulista é a Sphoeroides spengleri, também conhecida como baiacu-pintado, baiacu-pinima e baiacu-mirim.
Ágata Luz/g1
“Quando ele está sendo perseguido por algum predador, se sente ameaçado ou quando é tirado da água, ele tem esse hábito de se inflar. Fora d’água, ele infla com ar. Dentro, ele usa a água mesmo, engole a água e infla”, explicou William.
🗺️Baiacu no Brasil
Das mais de 100 espécies existentes no mundo, pelo menos 15 têm registro confirmado no Brasil.
No país, o baiacu passa parte da vida em regiões com mangues e estuários (ambiente aquático de transição entre um rio e o mar), mas também habita o mar aberto e ilhas.
“Eles gostam muito de costões”, explicou William.
Também biólogo marinho, Eric Comin listou as espécies que vivem no Brasil:
Espécies de baiacu no Brasil
g1
🍽️No Japão
No mar asiático, a espécie de baiacu considerada uma iguaria é o Takifugu rubripes, popularmente conhecido como fugu.
“A toxina é a mesma, o sabor eu não sei, mas deve ser parecido”, explicou William, dizendo que a espécie japonesa sofreu uma pequena redução na população, mas não se encontra em perigo de extinção.
Segundo o chef de cozinha Anderson Tomihama Ferraz, o valor do prato de fugu no Japão varia entre R$ 600 e R$ 1,5 mil.
Baiacu tem hábito de inflar quando se sente ameaçado.
Ágata Luz/g1
Segundo o biólogo, o alto valor comercial do fugu pode ser explicado tanto pelo risco de intoxicação associado ao consumo quanto pela baixa disponibilidade da espécie para a pesca, já que ela não nada em cardumes e, por isso, não é capturada em grandes quantidades.
Além disso, o prato só pode ser preparado por chefes que possuem licença.
“O profissional que for servir o baiacu tem que saber exatamente o que ele está fazendo e saber que, se fizer errado e a pessoa comer, é irreversível. Tem que ter muita responsabilidade”, afirmou Anderson.