Doença celíaca: a vida sem glúten, o ingrediente milenar que está em quase tudo

A foto divide-se em três partes, que mostram plantações de trigo; um pão cortado em cima de uma tábua de madeira; e plantações de cevada — todos relacionados a doença celíaca

A doença celíaca está está relacionada ao glúten, proteína presente no trigo, centeio e na cevada – Foto: Banco de Imagens/ND

A doença celíaca, uma condição autoimune causada pela intolerância permanente ao glúten — proteína presente no trigo, centeio e na cevada — afeta cerca de dois milhões de brasileiros, segundo dados da Fenacelbra (Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil).

Para aumentar a conscientização e incentivar o diagnóstico precoce da doença celíaca, o mês de maio é marcado pela campanha Maio Verde.

A seguir, entenda o que é a doença celíaca, como ela se manifesta, quais são os principais sintomas, formas de diagnóstico e cuidados necessários.

O que é a doença celíaca?

Segundo a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, a doença celíaca envolve mecanismos semelhantes aos de uma reação alérgica. Quando uma pessoa com a condição entra em contato com o glúten, o sistema imunológico o identifica como uma ameaça e passa a atacá-lo, provocando uma resposta inflamatória no organismo.

Como ela se manifesta?

Conforme o Ministério da Saúde, a doença pode atingir pessoas de todas as idades, mas compromete principalmente crianças de seis meses a cinco anos. Por conta disso, o diagnóstico é feito geralmente na infância, quando a patologia tem um pico de incidência no organismo.

Ao buscar um gastroenterologista, o paciente é submetido a exames laboratoriais que ajudam a identificar a presença da doença celíaca. Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, o diagnóstico é confirmado por meio de uma biópsia da segunda porção do duodeno, no intestino delgado.

O que os celíacos podem sentir?

  • Desconfortos e distensões abdominais;
  • Diarreia intensa e repetitiva;
  • Perda de peso;
  • Anemia e desnutrição;
  • Cansaço e indisposição.

Quando afeta crianças, a doença celíaca pode comprometer o crescimento, causar vômitos frequentes e levar ao enfraquecimento muscular. Já em gestantes, a condição está associada a um risco aumentado de aborto, explica a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

A doença celíaca tem tratamento?

Pães e cereais misturados, dispostos em uma tábua de madeira

Evitar pães e cereais é o melhor tratamento para a doença celíaca – Foto: Banco de Imagens/ND

De acordo com o Ministério da Saúde, o melhor tratamento para a doença celíaca é evitar, por toda a vida, alimentos e medicamentos que contenham glúten. Ao remover a proteína da dieta, a cura costuma ser total, informa a pasta do Governo Federal.

A dieta é restritiva e permanente, o que pode ocasionar alterações na rotina dos indivíduos e de sua família.

É o caso do gastroenterologista Nelson Cathcart Jr., que teve o diagnóstico da doença aos 36 anos. O médico relata que hoje é muito mais viável viver sem o glúten graças a iniciativas como a Lei Federal nº 10.674 de 2003, que obriga a identificação da proteína nos rótulos de alimentos industrializados.

Mas ele salienta que, apesar dos avanços, a convivência com a doença ainda apresenta desafios sociais. “Às vezes você tem que ir para algum evento e fazer a refeição antes mesmo de ir para algum restaurante”, conta. Isso porque “não se sabe se lá terá alguma comida preparada adequadamente”.

O profissional de saúde explica que, em ambientes onde o trigo é manipulado, pode ocorrer contaminação cruzada em outros alimentos e utensílios, como pratos, panelas e talheres, “causando danos ao intestino de quem tem doença celíaca”, afirma.

A alimentação dos celíacos

Segundo a nutricionista Dra. Juliana Crucinsky, da Fenacelbra, existem 10 passos para a alimentação dos celíacos:

  1. Excluir completamente o glúten da alimentação, conforme dito anteriormente;
  2. Substituir os alimentos que contém glúten por outros ingredientes nas receitas. Neste caso, é possível utilizar farinha de arroz, amido de milho, fubá, fécula de batata, polvilho, tapioca, entre outros;
  3. Não exagerar na ingestão de pães, biscoitos e massas elaborados com os ingredientes listados anteriormente por terem alto teor calórico, elevado índice glicêmico e serem pobres em fibras;
  4. Utilizar alimentos naturalmente isentos de glúten, como frutas, legumes, verduras e carnes;
  5. Priorizar frutas, legumes e verduras no dia a dia;
  6. Usar sal e açúcar com moderação, evitando condimentos industrializados e molhos prontos;
  7. Evitar alimentos fritos, principalmente fora de casa por conta da contaminação cruzada;
  8. Evitar leites e derivados em casos de intolerância à lactose;
  9. Aumentar o consumo de alimentos que contenham vitamina D, como ovos, manteiga e carnes;
  10. Variar a alimentação para diminuir os riscos de hipersensibilidades alimentares secundárias.

Maio Verde

O Dia Mundial da Conscientização sobre a Doença Celíaca ocorre em 16 de maio. Ao longo do mês, a Fenacelbra promove a campanha “Diagnóstico salva vidas”. O gastroenterologista destaca a importância da conscientização para que sintomas persistentes não sejam ignorados e a condição receba o tratamento adequado.

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