Mesmo com veto médico, Bolsonaro cogita ir a ato da Anistia

O ex-presidente Jair Bolsonaro estava internado desde 13 de abrilReprodução

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL-RJ) sinalizou a intenção de participar de ato político em Brasília, marcado para a próxima quarta-feira (7), convocado em defesa da anistia a condenados pelos ataques de 8 de janeiro de 2023.

A manifestação, chamada por ele de “Marcha Pacífica da Anistia Humanitária”, está prevista para ocorrer entre a Torre de TV e o Congresso Nacional, a partir das 16h.

A manifestação foi convocada por Bolsonaro enquanto ainda estava internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital DF Star, onde permaneceu por três semanas. Durante o período, divulgou vídeos convocando apoiadores e orientando sobre a natureza do evento.

“Mais uma semana em casa e eu volto à normalidade. Acredito que pelo menos lá na torre eu me faço presente, se estiver bem”, declarou em conversa com simpatizantes na última quinta (1°).

A alta hospitalar foi concedida neste domingo (4), após cirurgia de 12 horas realizada em 13 de abril, para desobstrução intestinal e reconstrução da parede abdominal.

De acordo com boletins médicos, o procedimento foi classificado como complexo, exigindo recuperação entre dois e três meses, com recomendação expressa de repouso absoluto por pelo menos quatro semanas.

Recomendação médica

Em entrevista após a alta, um dos médicos responsáveis pela internação afirmou: “Esperamos que o presidente siga as orientações passadas, de resguardo pelas próximas três ou quatro semanas. Ele pode receber visitas, mas ainda de forma reservada. Deve evitar aglomerações, peso e atividades intensas”.

Mesmo com a orientação, Bolsonaro reiterou a possibilidade de comparecer ao ato. “Quem vai me fazer seguir as recomendações médicas é a Michele”, disse ele, em referência à ex-primeira-dama, em tom informal a apoiadores.

Ato

O ato de 7 de maio é o primeiro com participação convocada por Bolsonaro em Brasília desde os ataques às sedes dos Três Poderes. A expectativa de público, segundo ele, é de cerca de duas mil pessoas.

O ex-presidente destacou que o objetivo é entregar ao Congresso uma pauta em favor da anistia, e recomendou aos organizadores que evitem confrontos e declarações contra autoridades.

A manifestação ocorre paralelamente a negociações no Congresso. Na Câmara, mais da metade dos deputados já assinou requerimento de urgência para votação de projeto que concede anistia aos envolvidos nos atos de 2023.

No Senado, o presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), trabalha em uma proposta alternativa, com penas mais brandas. As discussões envolvem interlocução com o Supremo Tribunal Federal e com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB).

Aliados

Ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e Valdemar Costa Neto, presidente do Partido Liberal.Reprodução/Twitter @CostaNetoPL

O ato tem o apoio de aliados do ex-presidente, como o pastor Silas Malafaia, que divulgou o vídeo de convocação em suas redes sociais.

Durante a internação, Bolsonaro também recebeu visitas políticas, entre elas a do presidente do PL, Valdemar da Costa Neto (PL-SP), e participou de transmissões ao vivo.

No dia 23 de abril, foi intimado no hospital por decisão do ministro Alexandre de Moraes, no âmbito do inquérito que investiga tentativa de golpe de Estado.

Problemas de saúde

Bolsonaro ficou internado em BrasíliaReprodução/redes sociais

Desde o atentado de 2018, Bolsonaro foi submetido a sete cirurgias relacionadas a complicações intestinais. Em 2024, apresentou quadros de erisipela e desidratação.

A equipe médica do DF Star avalia que o procedimento realizado em abril foi o mais complexo desde então, motivo pelo qual reforçou a necessidade de afastamento de eventos públicos.

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