COP 30: o que é, quando acontece e por que o evento será no Brasil

COP 30

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Cidade de Belém no Pará, sede da COP 30 – Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia

Em novembro de 2025, o Brasil será o país-sede da COP 30, um dos mais importantes eventos internacionais dedicados ao combate às mudanças climáticas e à definição de políticas ambientais globais.

Como gesto simbólico e estratégico, a COP 30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima) será realizada na cidade de Belém, no Pará, uma das maiores cidades da Amazônia. A escolha de Belém, na avaliação do governo federal, reforça a importância da região amazônica na luta contra as mudanças climáticas e confere protagonismo ao Brasil nas negociações globais.

A COP 30 reunirá líderes de quase 200 países, além de cientistas, representantes da sociedade civil, empresários e organizações ambientais. O objetivo é discutir medidas concretas para reduzir as emissões de GEE (gases de efeito estufa), proteger biomas estratégicos e garantir um futuro mais sustentável para o planeta.

O que é a COP?

A sigla COP tem origem no termo em inglês “Conference of the Parties”, que significa Conferência das Partes. Neste caso, as Partes são os países e as regiões que aderiram à UNFCCC (Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas). O acordo internacional estabelece a base para a cooperação global contra as mudanças climáticas.

O documento foi assinado na ECO-92 (Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento), organizada há 33 anos pela ONU no Rio de Janeiro. Em vigor desde 1994, a COP (Conferência das Partes) ocorre anualmente e é o evento mais importante da ONU relacionado ao clima.

Desde então, o tratado climático mais conhecido é o Acordo de Paris. Assinado na COP 21, em 2015, em que 195 países se comprometeram com o objetivo coletivo de limitar o aumento da GMST (Temperatura Média Global da Superfície) bem abaixo de 2ºC em relação aos níveis pré-industriais. No texto, os especialistas alertaram que o limite seguro aceitável seria de um aumento máximo de 1,5 ºC.

“Limitar o aumento da temperatura bem abaixo de 2 °C e envidar esforços para limitá-lo a 1,5 °C é crucial para reduzir significativamente os riscos e os impactos das mudanças climáticas”, afirma trecho do documento.

Assim, ao chegar ao aumento de 2ºC, o planeta estará em um limite máximo de risco. Nesse cenário, a OMM (Organização Meteorológica Mundial) e o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) alertam para danos irreversíveis em comunidades e ecossistemas.

As duas organizações fazem parte do sistema que monitora a temperatura global. Apesar do Acordo de Paris não citar uma data específica como referência para comparação, é considerado período pré-industrial a época de 1850 a 1900. Assim, as organizações utilizam uma média global deste intervalo para avaliar o cumprimento do Acordo de Paris.

De acordo com a UNFCCC, é necessária uma redução na emissão de gases estufa em cerca de 40% até 2030 para alcançar os objetivos do Acordo de Paris. Devido a longevidade da meta, o acordo funciona em ciclos de cinco anos com ajuste nas políticas climáticas dos países-membros. Desde 2020, os países submetem seus planos nacionais de ação climática, conhecidos como NDCs (Contribuição Nacionalmente Determinada).

Contribuições Nacionalmente Determinadas

As NDCS são fundamentais para a realização dos objetivos do Acordo de Paris. A cada cinco anos, os países devem enviar uma atualização das condições ambientais e das políticas públicas. As metas individuais são enviadas ao Secretariado da UNFCCC, o que permite uma previsão sobre a temperatura média global e uma avaliação sobre as ações de combate às mudanças climáticas.

A primeira NDC enviada pelo governo brasileiro, em 2020, estabeleceu como meta reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025. Para 2030, a meta era uma redução de 43%. Assim como a ampla maioria dos países, o Brasil adotou 2005 como ano de referência para as comparações.

Metas do Brasil

Em 2024, a COP 29 foi realizada em Baku, no Azerbaijão. Na ocasião, o governo brasileiro apresentou sua nova NDC e a submeteu ao Secretariado da UNFCCC.

COP 30

Delegação brasileira na COP 29 – Foto: Cadu Gomes/VPR

Inicialmente, os países tinham até setembro de 2025 para enviar o documento. Como país sede do evento seguinte, o Brasil se antecipou e foi o segundo a elaborar a NDC, atrás apenas dos Emirados Árabes. Como somente 7% dos países entregaram até a data estipulada, o prazo foi estendido até setembro deste ano, dois meses antes da COP 30.

Além de estabelecer redução na emissão de gases de efeito estufa de 59% a 67% para 2035, o governo atualizou as metas para 2025 e 2030. Respectivamente, o Brasil deve reduzir em 48% e em 53% as emissões de gases poluentes. O ano de 2005 continua como referência para as comparações.

Durante a COP 29, o governo brasileiro destacou que a atualização da NDC está de acordo com a orientação do Acordo de Paris, que pede aos países uma trajetória com metas cada vez mais ambiciosas.

O índice estabelecido para 2035 pode variar devido fatores nacionais e globais, de acordo com o documento apresentado. Apesar de trabalhar com cenários futuros diversos, o governo federal reforça que o objetivo é atingir os 67% de redução de GEE até 2035.

Durante o evento no Azerbaijão, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima do Brasil, Marina Silva, comentou a mudança de rumo nas políticas públicas de preservação ambiental.

“Mais do que um número, um percentual, uma meta, temos aqui um novo paradigma para o desenvolvimento econômico e social do nosso país”, disse Marina.

Iniciativas ambientais no governo Lula

De acordo com o anúncio do governo, grande parte das iniciativas para cumprir a nova NDC serão financiadas por Fundo Clima, programa Eco Invest Brasil e Plataforma Brasil de Investimentos Climáticos e para a Transformação Ecológica (BIP). Essas iniciativas visam mobilizar recursos públicos e privados, nacionais e internacionais, para apoiar projetos alinhados à transição ecológica e ao desenvolvimento sustentável do país.

O aumento de investimento no setor é justificado, em parte, por medidas aprovadas no Congresso e outras iniciativas instituídas pelo governo federal por meio de portarias ou medidas provisórias. Entre as principais ações que contribuíram para o desenvolvimento do ambiente de investimento estão a reforma tributária, a criação do mercado de carbono (Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões – SBCE), o Programa Combustível do Futuro, o Programa Nacional de Hidrogênio e o Programa Mobilidade Verde-Mover.

Além disso, outras medidas estão sendo elaboradas ou implementadas. As entregas da pasta de Meio Ambiente incluem o Plano de Transição Energética, o Programa Nova Indústria Brasil, o Programa Florestas Produtivas, os Planos de Prevenção e Controle do Desmatamento de todos os biomas, entre outros.

Em 2023, de acordo com os dados consolidados do Sistema de Estimativas de Emissões e Remoções de GEE, o Brasil emitiu 20,8% a menos de gases de efeito estufa na atmosfera em relação à 2005. Apesar de representar uma evolução em direção ao objetivo, a meta de redução de 48% até 2025 estipulada na nova NDC ainda está distante.

A importância da COP 30 no contexto global

Em 2024, segundo as principais instituições de monitoramento do clima, a temperatura média do planeta foi 1,55ºC mais alta que os níveis registrados no período pré-industrial. Ou seja, o planeta está mais quente que o limiar considerado seguro na COP 21.

Temperatura sobe a cada ano

O ano passado foi o mais quente em 175 anos de monitoramento da OMM. Até então, o recorde havia sido estabelecido logo no ano anterior. No último decênio, todos os dez anos figuram entre as temperaturas mais altas já registradas desde o início das medições.

Após a divulgação do recorde, o secretário-geral da ONU, Antonio Gutierrez afirmou que o “aquecimento global é um fato inegável”. Apesar de reconhecer o nível alarmante da temperatura, Gutierrez ponderou que ainda há tempo de reverter o quadro.

“Anos individuais ultrapassando o limite de 1,5 grau não significam que o objetivo de longo prazo foi perdido. Significa que precisamos lutar ainda mais para voltar aos trilhos. As temperaturas inéditas de 2024 exigem ações climáticas pioneiras em 2025”, afirmouo Gutierrez. “Ainda há tempo para evitar o pior da catástrofe climática. Mas os líderes precisam agir agora.”

A avaliação de que apenas um ano fora do limite seguro não invalida o objetivo a longo prazo é respaldada pela OMM e pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas. Segundo as organizações, os anos podem sofrer variações pontuais devido a efeitos climáticos como o El Niño, que foi o principal responsável por elevar em 2ºC a temperatura dos oceanos no início de 2024. Então, para se caracterizar um cenário de risco elevado, a temperatura deve se manter por pelo menos cinco anos acima de 1,5ºC em relação à média registrada no período entre 1850 a 1900.

Gráfico mostra temperatura média da superfície da Terra maior que 1,5°C. Os dados são reunidos de seis fontes diferentes – Foto: Organização Meteorológica Mundial/State of the Global Climate 2024

No entanto, o IPCC publicou relatórios destacando que cada décimo acima da temperatura limite segura estabelecida pelo Acordo de Paris aumenta a probabilidade e a intensidade de eventos climáticos extremos. Por isso, o planeta mais quente fica mais vulnerável a ondas de calor, secas e chuvas intensas, que afetam diretamente a saúde humana, a segurança alimentar e os ecossistemas. ​

Em março de 2025, a OMM publicou o State of the Global Climate 2024, um resumo anual sobre o clima no planeta no ano anterior. O documento destaca que a aceleração de aquecimento dos oceanos entre 2005 e 2024 foi mais que o dobro do observado entre 1960 e 2005. Nos últimos oito anos consecutivos, a temperatura média dos oceanos bateu recordes.

Com isso, o nível médio do mar também atingiu o seu pico e as geleiras sofreram grande perda de massa em três anos consecutivos, o pior registro desde o início das medições. Ainda, cerca de um quarto da emissão de gás carbônico por atividades humanas é absorvida pelos oceanos, que se tornam cada vez mais ácidos.

De acordo com o documento, a acidificação dos oceanos perturba os ecossistemas e impacta a vida marinha. Inclusive, há prejuízos observados na produção de alimentos proveniente da aquicultura de moluscos e da pesca.

Eventos climáticos extremos em 2024

De acordo com a OMM, os eventos climáticos extremos em 2024 levaram ao maior número de novos deslocamentos registrados em um único ano desde 2008. Além da destruição de casas, infraestrutura, florestas, terras agrícolas e biodiversidade, os desastres representam riscos significativos tanto para as pessoas em deslocamento quanto para aquelas que já vivem em situação de deslocamento.

O Brasil viveu um dos exemplos citados no relatório da organização: as enchentes no Rio Grande do Sul, em abril do ano passado. Na época, cerca de 96% dos municípios gaúchos foram atingidos por inundações, deslizamentos de terra e outros desastres relacionados às chuvas. De acordo com o boletim da Defesa Civil do estado divulgado em agosto de 2024, as enchentes causaram a morte de 183 e feriram outras 806, além de 27 pessoas que permanecem desaparecidas.

O volume de chuvas ainda levou 433 mil pessoas a ficarem desabrigadas. Considerando os danos à infraestrutura, o governo do estado estimou prejuízos de R$ 100 milhões nas áreas afetadas pelas chuvas.

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Corpo de Bombeiros, Políciais e voluntários resgatando animais e levando mantimentos para as pessoas atingidas pela enchente em Porto Alegre – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil

Além do Brasil, a região de Valência, na Espanha, registrou um recorde no volume de chuvas em 24h que causou a morte de mais de 200 pessoas. Por outro lado, as secas na África Austral, na América Central e no interior da América do Sul impactaram a colheita de cereais e contribuíram para o piora no quadro de insegurança alimentar em diversos países.

Os ciclones tropicais causaram mortes, prejuízos e forçaram o deslocamento de pessoas no Sudeste Asiático, nos Estados Unidos ((EUA) e em Mayotte, Moçambique e Malawi. Somados, o tufão Yagi, os furacões Helene e Milton, e o ciclone Chido afetaram a vida de mais de 1 milhão de pessoas.

Quanto às queimadas de florestas, a OMM destaca o incêndio no Chile como um dos piores do século e a temporada atípica de incêndios nos EUA e no Canadá, com emissões de carbono recorde.

Governança global

A mudança climática não pode ser resolvida por um único país. Conforme disposto no relatório da OMM, as catástrofes climáticas acontecem ao redor do mundo com maior frequência e intensidade.

Nesse contexto, há décadas, os países-membros da UNFCCC se comprometeram a trabalhar conjuntamente para evitar uma piora do cenário. Desde então, a COP é o encontro anual para discutir os avanços, as previsões e ações concretas.

Estabelecido o princípio da responsabilidade comum, a UNFCCC avalia as condições climáticas a partir de dados científicos produzidos por diversas instituições ao redor do planeta. Para unificar os dados e avaliar as metodologias aplicadas, a UNFCCC criou o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas), citado anteriormente.

Portanto, o impacto ambiental causado em determinada localidade pode causar um prejuízo global. Nesse sentido, apesar da responsabilidade de preservação ambiental ser de todos os países, cada um deve agir de acordo com suas capacidades.

Quando e onde será a COP 30

Entre os dias 10 e 21 de novembro de 2025, a COP 30 será realizada em Belém, capital do Pará. ​A COP 30 acontece três décadas após o primeiro encontro.

COP 30

Missão da ONU visita preparativos para COP 30 em Belém – Foto: Isabela Castilho / COP 30 Brasil

A primeira edição da conferência ocorreu em 1995, na Alemanha, e a COP 29, no ano passado, no Azerbaijão. O encontro inicial foi possível após os países assinarem um tratado internacional na ECO-92, que entrou em vigor dois anos depois.

Por que Belém foi escolhida?

Reconhecido como detentor da maior biodiversidade do planeta, o Brasil sediará pela primeira vez a conferência em 2025. A realização da COP 30 em Belém representa uma oportunidade para colocar a Amazônia no centro das decisões climáticas internacionais.

Nos primeiros anos deste atual mandato, o presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, cobrou mais repasses dos países desenvolvidos aos emergentes para ações de combate às mudanças climáticas. Segundo o presidente, manter as florestas tropicais exige investimento em educação, capacitação, tecnologia e fiscalização.

Logo, ao definir uma cidade amazônica como sede da COP 30, o Brasil amplia a visibilidade das comunidades tradicionais e dos desafios socioambientais da região. No processo de escolha do país para receber a COP 30, a candidatura do Brasil reforçou a importância do debate sobre clima acontecer na maior floresta tropical do mundo. Em entrevista à rádio Clube do Pará, em fevereiro deste ano, Lula defendeu a escolha de Belém como sede. Em sua fala, o presidente faz referência às edições passadas da COP.

“Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito. Outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim. Outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia. Nós vamos discutir a questão indígenas, vendo os indígenas. Nós vamos discutir a questão dos povos ribeirinhos, vendo os povos ribeirinhos e vendo como eles vivem”, afirmou o presidente.

Além do apoio de países da região, o Brasil contou com o seu histórico de anfitrião em eventos ligados ao meio ambiente, como a ECO-92  e Rio+20, assim como sua participação ativa no Acordo de Paris. Nesse sentido, o evento é visto pelo governo federal como uma oportunidade para o Brasil reforçar seu protagonismo na agenda ambiental internacional.

O que está em debate na COP 30

De acordo com o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional, são seis os principais temas em debate na COP 30. A redução de emissões de gases de efeito estufa é o assunto central, visto que é a principal forma de mostrar avanço no combate às mudanças climáticas.

Parte da COP 30 se dedica a avaliar o cenário atual do clima, considerando as alterações observadas nos últimos doze meses. Nesse sentido, especialistas apontam as principais adaptações necessárias para amenizar os efeitos climáticos.

Um ponto relevante de discussão na COP 30 para o governo brasileiro é o financiamento para ações em países em desenvolvimento. Na COP 15, em Copenhague, os países desenvolvidos prometeram mobilizar US$100 bilhões por ano a partir de 2020 para apoiar os países em desenvolvimento. Até hoje, esse valor ainda não foi plenamente atingido. Além disso, há a discussão por financiamento adicional para prejuízos irreversíveis causados por eventos extremos.

A linha de comparação com o período pré-industrial é motivada pelo aumento na emissão de gases de efeito estufa causado pela combustão das novas máquinas em uso. Parte da redução desses gases na atmosfera depende da substituição da matriz energética para fontes renováveis e sustentáveis de baixo carbono. Portanto, a COP 30 também deve discutir novas soluções tecnológicas para a indústria.

A escolha de Belém como sede da COP 30 reforça a importância da preservação de florestas e biodiversidade, com destaque para a Amazônia. As negociações durante o evento devem buscar reduzir o desmatamento ilegal e promover políticas de recuperação ambiental. Além disso, o turismo pode ser assunto discutido para auxiliar no cumprimento das metas de conservação ambiental.

Por fim, a desigualdade nos impactos e nas responsabilidades climáticas entre países desenvolvidos e em desenvolvimento deve ser discutida na COP 30. Em Belém, o governo brasileiro pretende destacar a relação dos povos originários com o meio ambiente. Ao mesmo tempo que contribuem para a preservação das matas, as comunidades indígenas e tradicionais são as mais afetadas pela crise climática.

Expectativa para a COP 30

Durante os dias 10 e 21 de novembro, o governo brasileiro estima receber 50 mil participantes, entre eles representantes de 193 países, membros da ONU, delegações oficiais, cientistas, organizações não governamentais e jornalistas para a realização da COP 30.

​Até o momento, não há confirmações oficiais sobre a presença de chefes de Estado específicos na COP 30. No entanto, é esperado que líderes de diversos países compareçam à Cúpula de Chefes de Estado, programada para os dias 6 e 7 de novembro.

A antecipação do encontro é permitir que os líderes mundiais tenham mais tempo para dialogar e articular compromissos climáticos, sem a pressão dos debates técnicos que tomam conta das semanas seguintes durante a conferência.

Na cena cultural, a COP 30 promove a Zona Verde, um espaço destinado a exposições e apresentações culturais de ONGs, comunidades indígenas e jovens artistas. O governo brasileiro contará com uma área própria, a Casa Brasil Belém 2025. Durante a COP 30, o espaço promoverá exposições de arte, música, gastronomia e workshops educacionais.

Paralelamente à COP 30, acontece a segunda edição da Bienal das Amazônias. A partir de agosto, a programação inclui exposições de arte, performances, instalações e eventos em diversos pontos da cidade, como museus, universidades, centros culturais, parques e espaços públicos.

Lideranças indígenas

Diversas lideranças indígenas brasileiras e internacionais estão envolvidas na COP 30, que conta com a Comissão Internacional Indígena. A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara (PSOL), é quem preside o comitê criado para articular a presença e as demandas dos povos originários nas negociações climáticas. ​

COP 30

Ministra dos Povos Indígenas, Sonia Guajajara, em curso de formação de lideranças indígenas para a COP 30 – Foto: Rafa Neddermeyer/COP30 Amazônia Brasil/PR

Além de lideranças regionais e internacionais, representantes de organizações como a Coiab (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira), a Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), a Aliança Global de Comunidades Territoriais e o G9 da Amazônia Indígena estão envolvidos na organização e participação na COP 30.

Infraestrutura em Belém para a COP 30

Para se ter uma ideia de como eventos não relacionados diretamente com a COP 30 são afetados por ela, o número de artistas na primeira Bienal das Amazônias foi de 121. Nesta segunda edição, a programação prevê a participação de mais de 400 artistas.

Esse é um exemplo do aumento na demanda por serviços e infraestrutura que a COP 30 impõe sobre suas sedes. A escolha de Belém para a COP 30 levantou desconfiança sobre a capacidade da cidade em receber o fluxo de visitantes esperados para o evento. Após o anúncio, foi cogitada a possibilidade de dividir a sede com o Rio de Janeiro.

Em entrevista a jornalistas em julho de 2024, o presidente Lula reconheceu que a cidade não possuía as condições adequadas para receber o evento. Mesmo assim, reforçou a razão política de realizar a COP 30 em Belém.

“É um lugar em que a gente pode ter problemas, porque não tem toda a estrutura que tem em uma cidade grande como Paris, como São Paulo, como Londres, como Madrid, como Nova York, não. Mas a gente vai fazer lá mesmo, que é para as pessoas sentirem como é que vivem as pessoas que moram na Amazônia”, afirmou Lula.

Em resposta às previsões de público, a administração pública investiu cerca de R$5 bilhões em diversas áreas, com foco em sustentabilidade, mobilidade urbana, saneamento, turismo e infraestrutura hoteleira. Em abril deste ano, os gastos públicos com obras na região para a COP 30 foram contestados no TCU (Tribunal de Contas da União), mas a Corte negou pedido de suspender licitações feito pelo líder da oposição, deputado federal Zucco (PL-RS).

Mesmo com o novos investimentos, a um ano da COP 30, a falta de leitos para receber os visitantes e problemas no cronograma de ampliação do aeroporto da cidade tornaram-se frequentes na mídia.

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Construção da nova ponte que liga Outeiro a Belém – Foto: Rafa Neddermeyer/Cop30 Amazônia

As alternativas do governo para ampliar a oferta envolvem isenções para lançamento de novos hotéis, alojamentos em escolas e hotéis marítimos instalados em dois transatlânticos. Nesse cenário, passaram a surgir no mercado imobiliário da região aluguéis por preços exorbitantes e irreais em plataformas, além de contratos atípicos e intenções de despejo. Com a demanda elevada e a falta de organização na disponibilidade de leitos, os proprietários de imóveis passaram a adotar estratégias para aumentar os lucros durante a COP 30, como a exigência de contratos de longa duração, por períodos maiores do que a necessidade do inquilino.

Nas plataformas privadas, os imóveis são ofertados por mais de R$2 milhões por cerca de duas semanas. Uma rede de hotéis próxima à Belém, em Ananindeua, cobra US$2 mil a diária, durante a COP 30.

Nesse cenário, a presidência da COP 30 anunciou que seria assinado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) preventivo para garantir o equilíbrio nos preços de hospedagem durante o evento. Segundo o governo federal, o documento vai definir “regras claras” para garantir “transparência e a previsibilidade na política de preços” durante o evento. Até o momento, nenhum documento foi publicado.

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