
Estudo analisou 1.100 crianças. Nutricionista apontou consumo familiar de ultraprocessados e a falta de horário para as refeições como motivos para risco de saúde. Profissional faz avaliação antropométrica em criança de Nova Odessa (SP)
Renan Rocha Remonte/Arquivo Pessoal
1 em cada 4 alunos de escolas municipais de Nova Odessa estão com risco de sobrepeso ou obesidade. Os dados são de análise realizada por um convênio entre nutricionistas, alunos de nutrição da Faculdade de Americana (FAM) e a Prefeitura de Nova Odessa (SP).
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1.100 alunos com idades entre 6 e 10 anos passaram por avaliação antropométrica e nutricional durante fevereiro e março de 2025.
Do montante, 25% dos alunos estão fora da curva de normalidade e apresentam risco de sobrepeso ou de obesidade.
Foram 6 escolas avaliadas das 28 unidades da rede pública municipal.
Ultraprocessados e falta de rotina em casa
Dra. Juliana Pissaia Savitsky, uma das nutricionistas responsáveis pelo trabalho e pela alimentação escolar em Nova Odessa, afirmou que o cenário é resultado dos hábitos alimentares que as crianças têm em casa, como maior ingestão de produtos ultraprocessados e a falta de horário para as refeições.
“Isso vem de casa. Por quê? Não temos alimentos processados nem ultraprocessados na merenda. Não temos nem açúcar. A gente tenta fazer o controle de repetição das crianças […] fizemos um questionário alimentar para as famílias responderem e há um consumo muito grande de ultraprocessados, como bolachas recheadas, salgadinhos, refrigerante, macarrão instantâneo. Outra questão que fica muito claro para a gente é o horário. Eles não têm um horário fixo para comer em casa e isso é muito sério”, afirma a nutricionista.
A especialista afirmou que o haverá avaliação nos alunos das 28 escolas ainda em 2025.
Profissional faz avaliação antropométrica em criança de Nova Odessa (SP)
Yasmim Nathalia de Souza/Arquivo pessoal
Papel da merenda escolar
A nutricionista explica que um dos papéis da merenda escolar é a educação alimentar e nutricional dos alunos. Ensinar a criança a comer alimentos saudáveis na quantidade e horários corretos.
Além disso, a merenda escolar ainda contribui para o crescimento e o desenvolvimento da criança, socialização, aprendizado e melhora do rendimento escolar. Mas a pandemia mudou o contexto local.
“Nós tínhamos um controle muito bom de eutrofia, que é a normalidade de peso. Mas o pós-pandemia fez com que as crianças voltassem com muita seletividade alimentar. Estamos tendo que fazer um trabalho muito grande para reeducar as crianças para comer frutas, hortaliças, ovo e tomar leite”, afirma Dra. Juliana Savitsky.
A nutricionista conta que, para evitar a piora do cenário, houve palestras com alunos, professores e servidores sobre educação alimentar. Além disso, houve o encaminhamento dos casos de alunos com risco de sobrepeso ou obesidade para acompanhamento médico nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
“A gente segue tudo que o Programa Nacional de Alimentação Escolar determina com relação a proteína, carboidrato, vitamina e minerais. Mas os pais também precisam trabalhar lá na outra ponta. A responsabilidade não é apenas da escola”, afirma a nutricionista.
Palestra sobre educação nutricional
Prefeitura de Nova Odessa
Sobrepeso e obesidade infantil
A curva de crescimento é formada pelo peso, estatura e Índice de Massa Corpórea (IMC) para a idade. O acompanhamento é feito pelos familiares e pelos profissionais da saúde, que analisam e marcam os dados na Caderneta de Saúde da Criança.
“O sobrepeso é quando a criança começa a sair fora da curva de normalidade. Então, está entrando em risco e é mais fácil para reverter a situação. Já na obesidade, a criança já entrou na fase mais crítica e precisamos fazer o controle para que essa obesidade não avance para a obesidade grau 1, grau 2, grau 3 ou até uma obesidade mórbida”, explica a nutricionista.
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