
Nunca fui fã da famosa “lista dos 100” da Time Magazine. Quase sempre, os nomes ali incluídos pertencem exclusivamente ao universo norte-americano e são escolhidos por motivos puramente políticos.
Neste ano, no entanto, a revista teve a sensibilidade e a visão de incluir a ex-refém israelense Noa Argamani entre os líderes de 2025 – um nome nada óbvio ao lado dos absolutamente óbvios, como Donald Trump e Elon Musk.
A homenagem é merecida, uma vez que ela se tornou o rosto mais conhecido do mundo quando o tema é a luta pela libertação dos reféns israelenses.
Noa ganhou evidência nos noticiários pelos piores motivos possíveis. Uma das quase 4 mil participantes do festival de música Nova, que acontecia no sul de Israel nos dias 6 e 7 de outubro, ela e o namorado, Avinatan Or – ainda hoje prisioneiro do Hamas – foram sequestrados enquanto tentavam escapar tanto dos mísseis quanto dos terroristas.
A imagem de Noa aos gritos, com os braços estendidos em direção ao namorado, na traseira de uma moto e cercada por terroristas, no momento em que era levada para Gaza, tornou-se um dos símbolos mais desesperadores daquele 7 de outubro.

Nos meses seguintes, Noa apareceu em um dos primeiros vídeos de terror psicológico divulgados pelo Hamas, no qual pedia ao governo israelense pressa na libertação dos reféns. Nos noticiários israelenses, o público acompanhava, aflito, os apelos incessantes de sua mãe, doente terminal de câncer no cérebro.
Por fim, no dia 8 de junho de 2024, assistimos às cenas do resgate de Noa pelo exército israelense, em uma ação digna de filmes hollywoodianos. Ela estava sendo mantida, junto com outros três reféns, em um apartamento no campo de refugiados de Nuseirat — uma área de altíssima densidade populacional.
Filha única de pai israelense e mãe chinesa, Noa teve ao menos tempo de se despedir da mãe, que faleceu três semanas após seu retorno a Israel. A ex-refém contou pouco ao público sobre seu período em Gaza, reservando energias para lutar pela libertação dos demais reféns — especialmente Avinatan, do qual recebeu um sinal de vida recentemente, depois de quase um ano sem nenhuma informação.

Ela aprendeu rapidamente que deveria manter sua vida particular longe dos holofotes, após ser duramente criticada por parte da sociedade israelense ao aparecer em uma festa que deveria celebrar a vida após a experiência traumática que viveu. Também foi alvo de críticas ao aceitar o convite do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu para participar de uma viagem oficial aos Estados Unidos.
Noa obteve exposição internacional ao reunir-se pessoalmente com o presidente Trump, foi a primeira refém a discursar no Fórum de Segurança da ONU e também foi convidada a falar aos diplomatas do G7, em Tóquio. Hoje ela dedica em tempo integral à luta pela libertação dos 59 reféns ainda mantidos pelo Hamas em Gaza — e sua inclusão entre os líderes deste conturbado 2025 faz jus ao seu esforço.