Evitar produtos caros, de baixa qualidade e que prejudicam a saúde: especialista dá dicas para escolher chocolates na Páscoa


Nutricionista alerta que boa parte das opções disponíveis no mercado brasileiro têm baixa composição de cacau, e possuem muitas gorduras e açucares entre os ingredientes. É preciso pesquisar e estar atento aos rótulos para encontrar boas alternativas. Especialista alerta para a concentração de cacau nos doces comercializados
Victor Lebre/g1
A Páscoa, além do sentido religioso, é uma época doce, graças à tradição de se presentear com chocolates e outros doces relacionados como forma de celebrar o período. Porém, a busca pela guloseima pode se tornar amarga.
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Para evitar possíveis incômodos, a nutricionista Jhenevieve Cruvinel alerta para uma série de circunstâncias que podem levar a uma escolha boa ou ruim. Isso porque, na avaliação da especialista, boa parte das opções disponíveis no mercado brasileiro têm baixa composição de cacau, e possuem muitas gorduras e açúcares entre os ingredientes.
“É interessante como a gente confunde o chocolate com os produtos feitos à base de chocolate. Então, todos esses produtos que existem no mercado, que têm sua composição menos do que 25% de cacau, eles nem são chocolates, eles são produtos à base de chocolate”, disse em entrevista à rádio CBN Amazônia Rio Branco.
Ovo de Páscoa com cupuaçu, castanha e chocolate encanta acreanos
Com isso, segundo Jhenevieve, com a alta concentração de açúcar e gordura, o chocolate acaba criando riscos à saúde do consumidor, e reduz o potencial de benefícios que o cacau oferece, como ação antioxidante e melhora do humor.
“Infelizmente, a ciência, os estudos científicos e a legislação ainda não encontraram aí um ponto de acordo, uma vez que para o chocolate trazer benefícios à saúde, ele tem que ter em sua composição pelo menos 60% do cacau, a massa de cacau, o líquor ou o nibs. E o que acontece é que esse restante da composição é todo composto de açúcares e gorduras, trazendo malefícios à saúde”, avaliou.
O g1 listou algumas das dicas trazidas pela especialista. Confira:
1. Observar o rótulo
Ler o rótulo é importante para evitar surpresas
Saulo Angelo/Zumapress/picture alliance
De acordo com Jhenevieve, os ingredientes costumam ser listados de acordo com a concentração deles, em ordem decrescente. Ou seja, ao olhar as embalagens, o consumidor pode saber quais componentes têm maior presença no produto.
Além disso, segundo a nutricionista, é recomendável evitar produtos que tenham mais de cinco ingredientes, por conta do risco de serem compostos por misturas químicas que fazem mal ao corpo, além de descaracterizarem o chocolate.
“Porque eles começam a colocar espessantes, corantes, acidulantes, coisas que as pessoas leem e nem conseguem entender o que é que ela está consumindo. E o pior: está dando isso para as crianças consumirem. Eu sempre apelo para o bom senso e para uma lógica muito simples. Se você for fazer o cálculo do valor que você está pagando naquela barra de chocolate, pela quantidade que tem efetivamente de cacau, você vai ver que você está pagando um valor absurdo pela grama de açúcar com gordura”, acrescentou.
2. Avaliar ingredientes
Outra dica, além de observar a composição em geral, é avaliar o nível de cacau presente no chocolate e o tipo de açúcar utilizado.
A nutricionista ressalta que uma concentração de cacau entre 60% e 70% é considerada boa. Alguns produtos podem ser vendidos como “sem açúcar”, entretanto, a depender do tipo de adoçante utilizado, pode não haver benefício.
Cacau produzido na Ponte Alta do Gama, no DF
Reprodução
“É importante dar preferência, por exemplo, para a estévia, para o xilitol, para o eritritol, que não causam malefícios à saúde. É importante perceber a quantidade de corantes e químicos, principalmente nesses que a embalagem é muito chamativa e tem os brinquedinhos para as crianças. Geralmente eles têm aromatizantes, coisas muito químicas junto, que podem causar diversas alergias e problemas da saúde a longo prazo”, ressaltou.
3. Variar é preciso
Falando em crianças, quem busca os doces para agradar os pequenos geralmente busca as opções que acompanham brindes. Jhenevieve também tem sugestões: comprar o chocolate de pequenos produtores, e adquirir algum brinquedo à parte. Assim, é possível encontrar produtos de melhor qualidade, com menos impacto na saúde, mantendo a tradição da caça ao ovo de Páscoa, por exemplo
“Aí você entrega o chocolate e os brinquedinhos para as crianças, fazer uma caça aos ovos em casa, usar a criatividade, comprar coisas lúdicas que as crianças possam interagir durante a Páscoa, mas não dá poder de compra para essas empresas que continuam produzindo produtos de má qualidade, mesmo a gente tendo aí milhares de estudos científicos embasando o malefício desse produto para a saúde”, sugeriu.
Especialista sugere a compra de ovos de pequenos produtores e de brindes à parte
Freepik
4. Consumo saudável?
Com a maior procura por doces, pode crescer também a preocupação com o corpo. A nutricionista ressalta que não há estudos com quantidades específicas ideais do consumo de chocolate em relação a ganho de peso, porém, é sempre bom variar na alimentação para evitar desequilíbrios.
“Então, a quantidade a gente consegue equilibrar dentro de uma alimentação saudável para que não haja ganho de peso até 30, 35 gramas, que seria aquele tabletinho maior, porque o chocolate é um produto muito calórico. No entanto, a gente sempre fala assim: é importante a variedade na alimentação”, recomendou.
Chocolate pode ser consumido, desde que haja variação
Kyaw Tun/Unsplash
A especialista ainda dá dicas para incluir o chocolate de outras formas na dieta: é possível derretê-lo e consumir junto com alguma fruta, ou utilizar como recheio de bolos, por exemplo.
“A nutrição não são só as gorduras, os carboidratos e as proteínas. Existem os micronutrientes que são tão ou mais importantes para a nossa regulação hormonal, para a nossa regulação química e nossa saúde. Então, a variedade é muito importante. Não é que há uma proibição, é que o importante é que a gente varie na alimentação, inclua o chocolate nos preparos de outros pratos, por exemplo”, disse.
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