

Nunes acusa Boulos de pressionar o governo federal e impedir planos de Tarcísio para a Favela do Moinho – Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), criticou a atuação do deputado federal e seu adversário na última eleição, Guilherme Boulos (Psol), em relação à desocupação da Favela do Moinho, a última da região central do município. Nunes acusa Boulos de se associar a irmã de um traficante para pressionar o governo federal.
A Favela do Moinho fica em área federal e o governo Tarcísio Nunes (Republicanos) tem planos para transformar o local em parque, retirando as famílias. A questão tem colocado governos Lula e Tarcísio de lados opostos. Desde segunda-feira (12), a favela enfrenta ações de retiradas de casas e protestos por parte dos moradores.
O governo de São Paulo afirmou na terça-feira (13) que tinha aval da Secretaria de Patrimônio da União (SPU) para “a desmontagem de unidades já esvaziadas”, liderada pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (SDUH) com a subprefeitura da Sé e a Defesa Civil.
No fim do dia, o governo federal publicou nota oficial alegando que “não compactua com qualquer uso de força policial contra a população”. E, pela forma que as casas estão sendo descaracterizadas, entraria com “uma notificação extrajudicial paralisando o processo de cessão daquela área para o governo do Estado.”
Nunes acusa Boulos
Em coletiva durante entrega de um centro esportiva na zona sul de São Paulo, o prefeito comentou a situação no Moinho enquanto falava sobre a cracolândia. Nunes acusa Boulos de pressionar o governo federal a impedir o que ele considera avanços na região.

Favela do Moinho é a última da região central de São Paulo e fica entre linhas de trem – Foto: Divulgação/Governo de SP
“Você tem um deputado federal, Guilherme Boulos, que estava lá, junto com a irmã do traficante, fazendo ações para que a gente não avançasse para cuidar daquelas pessoas. Quem vive ali, muitos deles, são vítimas do tráfico de drogas, ou alguém vai negar que tem tráfico de drogas ali?”, criticou o prefeito. Ele ainda reclamou do que chamou de pouco repercussão por parte da imprensa.
Nunes falou em erros e acertos da prefeitura e do estado na Favela do Moinho, mas defendeu a necessidade de agir no local. O prefeito avisou que tem um bunker do tráfico de drogas dentro da favela, e citou a prisão dos traficantes Janaína do Moinho e Léo do Moinho, apontado como chefe do tráfico no centro de São Paulo. Nunes acusa Boulos de agir de forma irresponsável sobre o tema.
Segundo a SDUH, 168 famílias já se mudaram da favela desde o início dos trabalhos em 22 de abril, e 752 famílias (88% do total) aderiram ao reassentamento. Quem aceitar sair do local recebe uma Carta de Crédito Associativa (CCA) ou Carta de Crédito Individual (CCI) no valor de R$ 250 mil para imóveis na região central e R$ 200 mil em outras localidades.

Deputado federal Guilherme Boulos é crítico das ações da prefeitura de São Paulo e do governo federal na Favela do Moinho – Foto: Rafa Neddermeyer/Agência Brasil/ND
Esse é um dos pontos de crítica ao projeto. Os valores são considerados insuficientes e a dívida pesada para ficar a cargo das famílias.
A reportagem procurou o deputado Guilherme Boulos, por meio da assessoria de imprensa, mas não obteve respostas até o fechamento da matéria.