

Os incomuns planos funerários do Papa Francisco e a simplicidade que rompeu tradições no Vaticano – Foto: Reprodução/ND
Antes de sua morte, aos 88 anos, o Papa Francisco fez questão de deixar definidos todos os detalhes de seu funeral e, fiel ao estilo que guiou seu papado, suas escolhas quebraram protocolos históricos do Vaticano e surpreenderam pela simplicidade.
A morte do pontífice argentino foi confirmado pelo Vaticano às 7h30, desta segunda-feira (21), dois meses após ter enfrentado um quadro de bronquite que exigiu internação no Hospital Gemelli, em Roma.
Morte do Papa Francisco
O anúncio foi feito pelo Cardeal Kevin Farrell, da Casa Santa Marta, residência oficial de Francisco, em meio a uma nota emocionada: “Com profunda tristeza devo anunciar o falecimento do nosso Santo Padre Francisco.
Toda a sua vida foi dedicada ao serviço do Senhor e da Sua Igreja, especialmente aos mais pobres e marginalizados.”
Desde os últimos anos de seu pontificado, Francisco já havia começado a organizar o que seria sua despedida, buscando preservar a coerência com a vida de simplicidade que sempre defendeu.
Os incomuns planos funerários do Papa Francisco
Os incomuns planos funerários do Papa Francisco traçou detalhes de uma despedida que reflete a humildade e o olhar pastoral que marcaram seu legado.
Em novembro de 2024, o jornal oficial do Vaticano, L’Osservatore Romano, revelou que o Papa havia revisado os ritos fúnebres, solicitando mudanças que dispensassem os tradicionais três caixões feitos de cipreste, chumbo e carvalho que sempre marcaram os sepultamentos papais.
Segundo o mestre de cerimônias litúrgicas, Monsenhor Diego Ravelli, Francisco solicitou que seu corpo fosse velado de forma discreta, em um caixão simples e sem a habitual elevação na Basílica de São Pedro, permitindo uma despedida que refletisse seu desejo de ser lembrado como pastor, e não como figura de poder.

Mesmo antes do Vaticano, sua simplicidade já chamava atenção – Foto: Divulgação/Vatican News/ND
Significado pessoal
Além disso, ele recusou o sepultamento nas grutas vaticanas, espaço reservado à maioria de seus antecessores, optando por um local de significado pessoal: a Basílica de Santa Maria Maggiore, onde está guardada a imagem da Salus Populi Romani, um ícone mariano pelo qual o Papa sempre demonstrou especial devoção.
Durante entrevista à emissora mexicana Televisa N+, o pontífice havia revelado essa escolha. Contou que, após cada viagem internacional, fazia questão de visitar a Basílica para agradecer e rezar diante da imagem. “É minha grande devoção. O lugar já está preparado”, disse, em tom sereno.
A decisão de romper com as cerimônias tradicionais, não surpreende quem acompanhou de perto a trajetória de Francisco.
Caminho da humildade e simplicidade
Desde sua eleição, em março de 2013, o primeiro papa latino-americano se destacou pela recusa aos privilégios do cargo: trocou os luxuosos apartamentos papais por uma habitação simples na Casa Santa Marta, usou transporte coletivo, pagou do próprio bolso a hospedagem do conclave e rejeitou formalidades desde o primeiro dia.
Mesmo antes do Vaticano, a simplicidade já chamava atenção: quando arcebispo de Buenos Aires, ficou conhecido como o “Bispo das Favelas”, circulando pelas áreas mais pobres da capital argentina e dispensando as acomodações oficiais para viver em um modesto apartamento.
Ao longo de seu papado, Francisco promoveu mudanças importantes dentro da Igreja, consagrou novos cardeais com perfil mais diverso e reforçou o papel da solidariedade e da inclusão social como pilares da fé cristã.
Agora, em sua despedida, o Papa repete o gesto que marcou sua vida: escolher o caminho da humildade.